Da obediência à escolha

Da obediência à escolha

Compartilho de maneira breve e simples a experiência pessoal no início da licença em Teologia Moral na Academia Afonsina em Roma.

Sou sacerdote diocesano brasileiro a dez anos. Após colocar-me a disposição do meu Bispo para os estudos em Roma, ele propôs a Teologia Moral. Entre vários argumentos reforçou a carência de professores nesta área em nossa região eclesial e a grande urgência de criar diálogo para a evangelização neste campo.

Aceitei a proposta em meio a surpresa e o desconforto pessoal com uma área realmente desafiadora. Contudo, no momento fui inclinado e entender a necessidade da Igreja local e os argumentos pastorais.

Em meio a tantas dificuldades por conta da pandemia do COVID-19, os desafios da viagem em meio a exames e possíveis adiamentos, as adaptações a nova rotina de estudos em Roma, a outra cultura e língua, etc., fez com que o primeiro semestre fosse intenso e um verdadeiro desafio.

Justamente em meio a busca de superar, compreender e responder a estes desafios que algo interiormente mudou. Não sei precisar o exato momento. Mas, em um determinado dia depois de longas horas de estudos, percebendo-me cansado e contente, pude exclamar: que interessante estudar teologia moral! Neste dia, compreendi que se antes a pedido do meu bispo, obedeci e comecei a estudar, a partir deste momento, eu mesmo escolho e desejo estudar Teologia Moral. Aconteceu comigo uma mudança da “obediência” à “escolha”.

Justamente refletindo sobre este momento que recordei da importância de compreender o “fazer teologia” como uma vocação eclesial. Esta expressão conjuga duas realidades: uma pessoal e outra eclesial. Ambas profundamente ligadas, mas distintas.

Santo Afonso tem sido um grande Mestre e amigo neste início de caminhada teológica. Ele que foi pastor, fundador e teólogo continua a inspirar a fazer uma teologia moral realista, assim como disse o Santo Padre o Papa Francisco em entrevista a revista Studia Moralia (58/2): “Santo Afonso não é laxista nem rigorista. Ele é um realista no verdadeiro sentido cristão. ”

Leonaldo C. Beneti